Alguns Conceitos Importantes para a Elaboração do Design Curricular de Aula

24-11-2010 22:24

  Competência

“O conceito de competência propõe duas grandes leituras: a primeira apoia-se na sociedade industrial e no paradigma condutista; a segunda na sociedade do conhecimento e no paradigma sócio – cognitivo.” (Pérez e López, 2005, p.153)

A primeira mostra o verbo no infinitivo para apresentar um conteúdo ou um método. Baseia-se na taxonomia de Bloom.

“Competência no marco da sociedade do conhecimento e no paradigma sócio – cognitivo: compõe-se de capacidades – destrezas (como ferramentas mentais), conteúdos sintéticos e sistémicos (formas de saber), métodos (formas de fazer ou conteúdos aplicados) e valores – atitudes (tonalidades afectivas). Estes são os elementos principais do Modelo T, que neste contexto, pode ler-se em forma de competências. Este tipo de competências desenvolvem-se através de actividades como estratégias de aprendizagem. A avaliação por competências ou indicadores de concretização seria equivalente à avaliação por objectivos e constaria de destrezas, conteúdos e métodos.” (Pérez e López, 2005, p.153 e 154)

  Estratégias de Aprendizagem

“Podemos definir a estratégia em várias direcções:

- É o caminho para desenvolver uma destreza, que por sua vez desenvolve uma capacidade. Na aula as estratégias desenvolvem destrezas, por meio de conteúdos e métodos de aprendizagem (…). Estratégia = Destreza + conteúdo + método.

- Quando uma estratégia possui afectos ou atitudes pode-se definir como o caminho para desenvolver uma destreza que, por sua vez, desenvolve uma capacidade e o caminho para desenvolver uma atitude, que por sua vez, desenvolve um valor. Desenvolvem-se destrezas e atitudes na aula também por meio de conteúdos e métodos. Estratégia=Destreza+conteúdo+método+atitude.

- Um conjunto de estratégias ou procedimentos específicos constitui um procedimento geral ou de uma maneira mais directa um conjunto de estratégias constitui um procedimento

- Nos programas de ensinar a pensar a estratégia define-se como um conjunto de passos ou processos de pensamento orientados para a solução de um problema. Um conjunto de processos constitui uma estratégia.” (Pérez e López, 2005, págs. 159 e 160)

  Método de aprendizagem

É um caminho para…ou uma forma de fazer. A Escola Activa centra-se sobretudo na aprendizagem de métodos ou formas de saber fazer. Existem certos tipos de construtivismo que se limitam à realização de actividades para a aprendizagem de métodos. Ocorre o mesmo, com frequência, nos modelos que trabalham por competências, já que consideram estas, como meros saberes práticos, descuidando os conteúdos.

Uma técnica metodológica é um método específico ou um caminho para… específico ou uma forma de fazer específica… Por sua vez o procedimento (como estratégia de aprendizagem), ao realizar o caminho para o desenvolvimento de capacidades, trata de ensinar a pensar. Os métodos em sentido restrito são formas de fazer, enquanto que os procedimentos são formas de ensinar a pensar ao desenvolverem capacidades. Assim a observação directa seria um método, enquanto que se indica para que observo (observo para experimentar, observo para raciocinar criticamente, observo para me expressar oralmente, …) estou na prática elaborando procedimentos como estratégias de aprendizagem: observo que (conteúdo) e observo como (método)… para experimentar ou me expressar oralmente ou raciocinar criticamente.

É importante distinguir entre métodos de ensino e métodos de aprendizagem Os primeiros orientam a aprendizagem de conteúdos e constroem-se mirando os conteúdos (estes actuam como fins), ao mesmo tempo que os métodos de aprendizagem se orientam no desenvolvimento de capacidades e se constroem em função destas. Neste caso as capacidades actuam como fins e os conteúdos como meios.” (Pérez e Lopez, 2005, p.163)

 Modelo T

O Modelo T é um modelo de planificação adaptado à sociedade do conhecimento onde vigora um cenário de globalização, ou seja, onde as fronteiras económicas e culturais não existem, implicando uma nova leitura do espaço e do tempo pessoais. Na prática, surge este novo modelo de sociedade que procura um novo modelo de escola, ou seja, que reclama uma Refundação da Escola e a sua revolução a partir do conhecimento.

Como modelo de planificação, o Modelo T facilita o acesso à sociedade do conhecimento, uma vez que serve para identificar os seus elementos fundamentais e a representação mental dos mesmos: os conteúdos e métodos são meios para desenvolver as capacidades e os valores. Este postulado faculta a avaliação de objectivos (capacidades/destrezas e valores/atitudes) e por objectivos (por capacidades) onde se avaliam os conteúdos e os métodos em função das capacidades.

Mas a verdadeira transição da sociedade do conhecimento está centralizada na planificação curta que desenvolve o Modelo T, pois os conteúdos transformam-se em arquitectura do conhecimento (pensamento sistematizado e sintético) e as actividades em estratégias de aprendizagem. Deste modo possibilita-se a mudança de uma paradigma condutista para um paradigma sócio-cognitivo.

 “Pretende articular de uma maneira sintética e global os conteúdos, os métodos de aprendizagem, as capacidades – destrezas e os valores – atitudes de uma área, ou de uma unidade de aprendizagem. Trata-se de uma planificação de aula resumida e global. Elabora-se um Modelo T por ano escolar e assunto e logo se produz entre três e seis Modelos T de unidade de aprendizagem.

Chama-se Modelo T ou Modelo de Duplo T porque consta de um duplo T (conteúdos mais métodos de aprendizagem e capacidades mais valores). É um modelo que facilita a identificação da cultura global, social e institucional para a converter em cultura escolar e facilitar a educação integral. Deste modo age como porta de entrada na sociedade do conhecimento. “ (Pérez, 2005, p. 164)

 “ (…) resumimos no Modelo T, donde articulamos os elementos fundamentais da sociedade do conhecimento: capacidades – destrezas (ferramentas mentais) e valores – atitudes (tonalidades afectiva), conteúdos (sintéticos, globais e sistémicos) e métodos – procedimentos como modelo de planificação. (…)

Na nossa perspectiva consideramos o Modelo T como uma porta de entrada na sociedade do conhecimento, pelas seguintes razões:

-Visualiza a sociedade do conhecimento e os seus elementos fundamentais de uma maneira global e por ele actua como mapa mental profissional do professor…

-Facilita o acesso á sociedade do conhecimento e aos seus códigos…

- Estimula a transformação cultural numa organização…

-Globaliza o pensamento profissional e facilita o seu processamento…

-Integra adequadamente os elementos básicos da cultura institucional e facilita o seu desenvolvimento…

-Propicia a transição desde uma escola condutista, própria da segunda revolução industrial, à Escola Refundada, no marco da sociedade do conhecimento, desde um novo paradigma sócio – cognitivo…

-Impulsiona o câmbio do paradigma condutista, próprio da revolução industrial, ao paradigma sócio – cognitivo, próprio da revolução do conhecimento… “(Pérez., 2005,pág.30 e 31)

“O Modelo T apoia-se em três grandes teorias científicas: Teoria de Gestalt (percepção global da informação), teoria do processamento da informação (organiza e processa estas palavras capacidades – destrezas, valores – atitudes, os conteúdos e métodos de aprendizagem) e na teoria do interaccionismo social (cultura social = cultura escolar).” (Pérez, 2005, p. 164)

  Valores

“Os valores a nível didáctico consideram-se constelações ou conjunto de atitudes. Os componentes de um valor são os mesmos que os de uma atitude (cognitivo, afectivo e comportamental). O componente fundamental de um valor é afectivo. Os valores identificam-se, na aula, a partir da sua decomposição em atitudes e desenvolvem-se por meio destas.

Os valores, como afectos, desenvolvem-se sobretudo por meio dos procedimentos – métodos e técnicas metodológicas (formas de fazer). Desenvolver os valores só por meio de normas (sentido obrigatório) ou conteúdos (sentido discursivo) é empobrecê-los. Os valores, também, se desenvolvem por meio da imitação de modelos (modelado, aprendizagem viciada).

Cada um dos valores básicos escolares (uma vintena) coloca cinco dimensões fundamentais ou metavalores: dimensão individual (afecta ao indivíduo), dimensão social (afecta ao grupo), dimensão ética ou moral (afecta a conduta), dimensão religiosa (afecta ao crente, mas não ao não crente) e dimensão transcendente (sentido superior para o crente). Ex.: a solidariedade constitui uma dimensão individual, uma dimensão social e uma dimensão ética para os não crentes, para os crentes constitui uma dimensão moral, religiosa e transcendente.

Os valores avaliam-se por meio de escalas de observação sistemática (listas de comparação). Estas constroem-se ao decompor os valores em atitudes. Posteriormente as atitudes decompõem-se em “condutas” (ou microatitudes) nas quais se manifesta e observa um determinado valor. Deste modo surgem os perfis de avaliação de valores e atitudes.” (Pérez e López, 2005, pág. 170)

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