Avaliação

27-11-2010 22:37

1-O que é a avaliação nos processos ensino-aprendizagem? O Porquê da avaliação na educação?

Avaliar é um procedimento activo, contínuo e constante que acompanha o desenrolar do acto educativo de modo a permitir o seu constante aperfeiçoamento. Avaliar estabelece metas a atingir e dá informações dos êxitos e insucessos, isto é, da distância a que se está dessas metas. Assim, é necessário avaliar durante todo o tempo em que acontece a aprendizagem escolar.

A Avaliação deve: - indicar os resultados obtidos; identificar os problemas que há a resolver; clarificar objectivos a alcançar; diagnosticar necessidades concretas dos alunos/as; sugerir novos métodos e material didáctico a utilizar; predizer resultados futuros e facilitar a orientação vocacional; motivar todos, professores/as e alunos/as para comprovar os resultados (através do uso que se faça da própria avaliação).

Para uma perfeita avaliação o professor deve utilizar estratégias de aprendizagem que são definidas como sequência de comportamentos ou actividades que se escolhem com o fim de facilitar a aquisição, o armazenamento e/ou a utilização da informação. As estratégias de aprendizagem podem ser consideradas como qualquer conduta adoptada para a realização de uma determinada tarefa. Pode-se definir estratégia como organização de métodos, técnicas e meios que postos em acção permitem alcançar um objectivo pedagógico. As estratégias utilizadas pelo professor dependem dos alunos/as (nível etário), do meio sociocultural em que se inserem (família, sociedade, escola) e dos conteúdos a trabalhar.

2-Os Instrumentos e procedimentos de avaliação

Existem vários tipos de instrumentos de avaliação:

“-testes objectivos, que revelam uma informação que mostra os conhecimentos, desempenhos e atitudes dos alunos com skills cognitivos, são objectivos e fiáveis, a sua correcção e recolha de resultados é rápida mas exigem organização e planeamento; registo de observação que mostram uma informação onde o aluno acusa as suas reacções emocionais, interagindo socialmente e cujos skills são psicomotores, se os instrumentos forem pouco discriminativos sujeitos a interferência tendencial são potencialmente pouco objectivos, revelam-se muito demorados e exigem treino de aplicação; questionário/inquérito cuja informação revela opiniões, atitudes, valores, apreciações subjectivas, mostram-se pouco objectivos e sujeitos a interferência temporal, são demorados, exigindo muita elaboração na preparação e no tratamento de resultados.” (Lemos, 1993,pág.25)

Para anotar as observações dos alunos/as em situação de aprendizagem , a lista deve ter as seguintes propriedades: -“Deve ser curta; cada item deve ser claro e o mais objectivo possível; cada item deve referir-se a uma só característica ou comportamento; devem estar incluídas características ou comportamentos importantes; deve ser facilmente manuseável (por exemplo, nunca estar escrita na frente e costas de uma folha.” (Lemos, 1993, pág. 32)

Os testes: sua caracterização

Os testes constituem o documento mais usado na avaliação da aprendizagem. A forma das perguntas e das respostas pode ser diversificada, mas a maneira como os itens se elaboram num teste é muito importante. De entre os aspectos mais importantes salientamos: -cada item deve ser identificado por um número de série; o enunciado não deve ser dividido por duas páginas; o teste deve ser escrito no computador; as informações para a sua utilização devem ser precisas; a forma de resposta pedida deve ser distintamente precisa no enunciado; quando existe um grupo de itens, este deve ser constituído em função de objectivos estritamente correlacionados e, se possível, reunir itens de forma semelhante; os esclarecimentos sobre a forma das respostas devem ser visivelmente separados das partes da pergunta propriamente dita, através de outro tipo de letra, sublinhado, etc.; quando existem preferências de escolha entre itens, essa opção deve ser feita entre itens de testagem dos mesmos objectivos, e os itens devem ter o mesmo grau de dificuldade, sendo a sua pontuação de valor igual; a listagem utilizada deve ser do completo conhecimento e familiaridade dos alunos, nunca inserindo termos, imagens ou outras frases novas, ainda que aparentemente não pareçam influenciar o texto ou a forma; o tempo imposto para a execução do teste deve ser determinado em função da velocidade média de realização da turma, acrescentado de 20 a 25% de tolerância; a forma de correcção e pontuação do teste deve ser do anterior conhecimento dos alunos, ou estar claramente fixa no próprio teste.

São quatro as características mais importantes da qualidade dos testes: “validade – o teste deve requerer do aluno exactamente os mesmos comportamentos (acções, operações, conhecimentos) definidos nos objectivos, e sob idênticas condições; diferencialidade – as operações (acções, conhecimentos) requeridas só devem poder ser realizadas pelos alunos que alcançarem os objectivos; fidelidade – o teste deve constituir uma medida consistente da consecução dos objectivos, em qualquer momento ou circunstância, estando portanto liberto de factores estranhos que possam influenciar o desempenho do aluno; objectividade – não deve haver dúvidas quanto ao critério de sucesso do aluno na resolução do teste. Para testes não objectivos quanto ao critério deve usar-se o sistema de concordância de dois ou mais observadores, além de um procedimento de correcção baseado em critério relativo.” (Lemos, 1993, pág. 39)

Tipos de testes – Itens

Subjectivo (ensaio)

Competências medidas: -requer expressão do aluno por palavras próprias, usando informação do seu conhecimento; permite a testagem de operações cognitivas de qualquer nível, bem como a criatividade; não mede eficientemente a informação factual.

Tempo de execução: - exige respostas cuja preparação e execução é demorada, o que implica testagens de diversificação limitada.

Incentivo aos alunos: -encoraja os alunos a aprender a organizar as suas ideias e a expressá-las; beneficia os alunos com maior fluência de linguagem escrita, em prejuízo dos restantes.

Preparação: -exige poucas perguntas por cada testagem; cada pergunta tem que conter a indicação de limites da resposta.

Correcção: -exige muito tempo e a utilização de critérios absolutos e relativos e, ainda assim, com falha de precisão.

Objectivo

Competências medidas: -requer a selecção de respostas correctas entre opções dadas ou de um número limitado de palavras; permite a testagem de operações cognitivas de qualquer nível, mas não os aspectos criativos; mede eficientemente o conhecimento de factos.

Tempo de execução:- exige respostas de execução rápida facilitando a diversificação dos aspectos a testar.

Incentivo aos alunos: -encoraja os alunos a estudar e desenvolver competências em toda a área de aprendizagem, não tem benefícios ou prejuízos discriminados.

Preparação: -cada testagem pode contar muitas perguntas; exige muita precisão de linguagem, com total ausência de ambiguidades.

Correcção: -exige pouco tempo; é precisa e consistente.

(Adaptado de Lemos, 1993, pág.27)

Escalas de avaliação, seleccionar e construir testes

“Um quadro de registos deve estar de tal forma estruturado que permita uma análise dos vários aspectos para os quais orientou o processo ensino-aprendizagem. Para além de classificar o aluno, o professor terá de corrigir erros decorrentes do próprio processo, e para isto terá de dispor de dados específicos dos dois campos de aprendizagem – apreensão do conteúdo e desenvolvimento de capacidades. Com a finalidade de ajudar o professor nestas tarefas tão complexas, sugere-se a utilização de uma folha registo…” (Domingos, 1981, pág.252)

Escalas de classificação (resultados)

 “A classificação é a expressão simbólica (gráficos, números, letras, etc.), estimativa (juízo de valor explicitado) ou descritiva (informação sobre a situação) do resultado da avaliação. (…) A classificação pode expressar-se da forma seguinte:

-Um símbolo, que pode ser uma letra (sistema americano)

A_____B_____C_____D____E_____

Nível                                                     Nível

Superior                                              Inferior

- Um número com diversas escalas: de 1 a 10; de 1 a 100 e de 0 a 1.

-Uma expressão gráfica: percentil e situação numa escala.

-Um juízo estimativo com diferente número de níveis:

De 3: Bom – Regular – Mau,

De 5: Excelente – Bom – Aceitável – Escasso – Mau,

De 4: Distinto – Notável – Aprovado – Reprovado,

De 6: Distinto – Notável – Bom – Suficiente – Insuficiente – Muito deficiente.

-Uma descrição: tipo informação: “Este aluno melhorou muito quanto à riqueza de vocabulário e fluidez verbal., apesar de necessitar de trabalhar mais a sintaxe e estruturação das frases.”; tipo valoração descritiva: vai bem…, progrediu adequadamente…, deve melhorar…

(…) Pretende-se transmitir a mesma informação, ainda que de maneira diferente.” (Zabalza, 1994, pág. 237)

 3-A auto-avaliação dos alunos/as

O sistema de qualificação adaptado ao 1º ciclo de ensino básico, segundo o nosso ponto de vista, deverá ser o portfolio ou dossier do aluno/a, que contém uma selecção de produtos significativos para este/a onde se inclui a totalidade dos produtos realizados pelo aluno/a durante um período de tempo, ano lectivo ou ciclo, significativos do ponto de vista cognitivo ou afectivo, ilustrativos daquilo que num dado momento já é capaz de fazer, e representativos da diversidade das tarefas desenvolvidas. Ao realizar o porfolio o professor deve ter subjacente a ideia de que a formação e a avaliação são contínuas.

O portfolio pode ser organizado da seguinte forma a conter: registos dos trabalhos realizados; planos e relatórios de visitas de estudo; instrumentos para a recolha de dados como inquéritos, entrevistas, etc; êxitos conseguidos e dificuldades sentidas nos processos de aprendizagem; balanços dos processos e das actividades realizadas; fichas de avaliação e auto-avaliação.

Bibliografia

Barreira, A. E Moreira, M. (2004). Pedagogia das Competências da teoria à prática. Porto: Edições Asa.

Domingos, A. et al. (1981). Uma forma de estruturar o ensino e a aprendizagem. Lisboa: Livros Horizonte.

Leite, C. e Fernandes, P. (2003). Avaliação das Aprendizagens dos Alunos – Novos contextos novas práticas. Porto: Edições Asa.

Lemos, V. (1986). O Critério do Sucesso – Técnicas de Avaliação da Aprendizagem. Lisboa: Texto Editora.

Lemos, V. et all. (1993). A nova avaliação da aprendizagem – o direito ao sucesso. Lisboa: Texto Editora.

 Neves, E. e Graça, M. (1987). Princípios básicos da prática pedagógico – didáctica. Porto: Porto Editora.

 Ribeiro, L. (1989). Avaliação da Aprendizagem. Lisboa: Texto Editora.

 Zabalza, M. (1994). Planificação e desenvolvimento curricular na Escola. Porto: Edições Asa.

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